domingo, 18 de junho de 2023

tédio, quanto tempo!

Duas semanas atrás fui na praia com meu marido e um baldinho. Estava disposta a fazer um castelinho de areia. Meus castelinhos são sempre muito toscos, então eu estava determinada a fazer um castelo como tem que ser, com escadinhas, torres e outros detalhes. Mas para facilitar isso tem toda uma técnica de quantidade de água/areia, que eu esqueci de conferir antes de chegar na praia. Comecei a misturar areia com água do mar no meu baldinho mas não estava dando muito certo. Daí pedi para o meu marido, que ainda estava com as mãos secas, conferir no youtube qual era mesmo a técnica para a areia ficar na consistência legal? E o que ele me disse foi um chamado a realidade e tanto: bah, não vou olhar pro celular agora. Faz do teu jeito de sempre, vai dar certo!

Fiz o castelinho tosco de sempre e foi muito divertido. E voltei pra casa pensando mais uma vez no meu uso do celular e da internet em geral. E notei que estava usando tudo isso mais do que considero saudável. Curioso que comentei isso com a minha irmã e ela também está na mesma vibe, querendo diminuir o tempo que fica olhando para o seu celular. Inclusive querendo diminuir o número de podcasts que escuta. Uma coisa que minha irmã notou é que ela está com dificuldades de ler um livro, ou se concentrar em qualquer coisa que tome mais tempo. 

Então para reduzir o meu uso do celular, fiz o seguinte:
- coloquei o celular em "escala de cinza". Ficou muito sem graça olhar para o celular e isso tem até me ajudado a tirar menos fotos (meu velho problema!)
- parei de usar Strava, aplicativo onde eu registrava minhas pedaladas, caminhadas, remadas e outras atividades esportivas na natureza. 
- loguei fora do twitter, que eu só usava no celular. Eu não publico nada no twitter, mas tenho uma conta com a qual seguia um monte de gente interessante... Mas já loguei fora e deletei a anotação da senha, então se quiser logar novamente vou ter que solicitar uma nova senha, o que me fará pensar se quero mesmo logar naquele momento.
- parei de ver videos no youtube no celular. Agora quando eu quero olhar algum video, eu uso o meu notebook. Fazendo assim reduzi consideravelmente os videos que assisto em geral.

O que continuo usando no celular:
- cada vez mais raro, mas ainda faço alguma chamada telefônica
- whatsapp
- aplicativos de bancos
- birdnet, super útil para identificação do canto das aves
- aplicativos de organização: regularly, habits and timelog
- presently, aplicativo que uso para anotar o que aconteceu de positivo no dia (com a vantagem de ter backup).
- calculadora, relógio, calendário, fotos (cada vez menos)
- uber (só uso mesmo quando estou no BR)
- music reading trainer (aplicativo de leitura de partituras) e metrônomo
- spotify

Em relação ao spotify: antes eu escutava música ou algum podcast enquanto lavava louça, ou limpava a área dos pets, ou fazia outras atividades assim. Mas resolvi dar um tempo nisso também. Na verdade a idéia aqui é lidar melhor com o tédio. 

Ano passado algumas pessoas queridas me convidaram para entrar no instagram. Não entrei, por preguiça e outros motivos, e agora estou bem feliz mesmo de não ter entrado - uma coisa a menos para destralhar.

Poucos dias antes da experiência do castelinho eu tinha comprado um leitor de livros eletrônicos (comprei o Kobo, concorrente do Kindle). Mas resolvi deixar de lado por um tempo e retomei a leitura de livros físicos. E aproveitei o embalo e retomei o crochê.

Já fiz duas caminhadas com o meu marido em que eu não tirei uma única foto. Ele nunca tira foto de nada mesmo então foram duas caminhadas sem registro algum, já que eu não tenho mais usado o strava nem o garmin. Pode parecer bobagem, mas para mim isso é um enorme passo: conseguir fazer uma caminhada na natureza sem fazer um registro. Sendo que na segunda caminhada eu nem levei o celular.

Semana passada tive que ir no veterinário e a consulta atrasou bastante. Tive quase 1h de espera. Normalmente eu teria me distraído com o celular (até porque, antes de comprar o leitor de livro digital, eu usava o celular para leitura). Mas encarei aquela espera como um exercício de lidar com o tédio. E fiquei ali lidando com aquele tédio, como a vida era uma vez: ou eu levava um livro físico (ou crochê) na bolsa, ou não tinha nada pra fazer. E naquele dia eu não fiz nada. E fazia tanto mas tanto tempo que não me acontecia de ficar entediada, sem olhar para o meu celular! Agora estou me perguntando: a que ponto cheguei, que uma hora de tédio sem olhar para o celular é motivo de comemoração kkk. 

Mas tenho que aceitar onde estou e melhorar a partir daqui :)

sábado, 9 de outubro de 2021

Voltando

Finalmente, consegui logar outra vez neste blog! Inicialmente tinha esquecido da senha, mas no começo de 2020 estava com tantos problemas que deixei para depois. Quando tentei recuperar a senha, falhei: tinha trocado de telefone e esquecido de atualizar os dados com o google. E pra dificultar ainda mais, depois ainda acabei esquecendo do meu nome de usuária. Dai ficou impossível e desisti total. Desisti não apenas de blogar como também de visitar blogs. Mas em agosto deste ano fiquei com saudades da Pri e visitando seu blog me animei a criar um blog novo, usando outra conta. Acontece que hoje eu finalmente encontrei a anotação do nome e senha para logar aqui no meu antigo blog. Então deixo o novo de lado e volto para este cantinho. Um dia vou conseguir ser mais organizada, enquanto isso não acontece vou me aceitando do jeito que eu sou :)

Continuo com a vida leve e tranquila, no sentido de não ter endereço fixo nem vizinhos permanentes. Logo eu, que achava até que tinha trauma de mudanças, estou gostando dessa vida sem endereço fixo. Mas viajar com a casa junto é uma maneira bem tranquila e pouco radical de abraçar mudança: é mudança mais nem tanto, já que o cantinho é sempre o mesmo.  

A vida segue muito diferente e divertida e o grande desafio tem sido manter a rotina. No momento está bem difícil. Mas já aprendi que para ser feliz tenho que ser vigilante e seguir firme na minha rotina. Lembrando que nesse marzão de possibilidades, agir sempre é a melhor escolha: manter uma resolução, aprender uma coisa nova, riscar uma coisa difícil da minha lista de tarefas. Bora prestar mais atenção nisso tudo - dia sim, dia também :)


quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Feliz com 2019 e animada com 2020


Durante 2019 meus objetivos foram exatamente os mesmos de 2018.

Estou muito feliz que consegui cuidar bem de mim: sendo gentil comigo, meditando, apreciando os pequenos momentos ao longo do dia. Cuidei da minha saúde física fazendo exercícios e cuidando da alimentação, mas acredito que poderia ter comido ainda melhor (mais fibras) e bebido melhor (mais água e menos vinho, kkk). Repensando meu consumo de vinho: quero continuar bebendo moderadamente, apenas diminuir a frequência. E vamos ver se consigo aumentar minhas horas de sono, de 6 para 7. Durante 2019 combati a preguiça mental de várias maneiras - principalmente lendo sobre assuntos variados (com destaque para o estoicismo), mas podia ter estudado mais espanhol.

Um dos objetivos era destralhar: a casa, os projetos, a mente. Me livrei de vários projetos e simplifiquei muito a minha vida. Acho até que simplifiquei demais e em 2020 quero adicionar complexidade: voltar a tocar meu instrumento musical. A verdade é que eu não sei nada de acordes, não tenho feeling para música, só sei seguir as partituras. Gostaria de realmente expandir meus conhecimentos e ser capaz de improvisar algum dia - tenho que começar em algum lugar, parece que aprender acordes é um bom começo. Quanto a destralhar a mente: estou aos poucos me livrando de expectativas.

Eu gostaria também de ter destralhado fotos antigas e reduzido o número de fotos que vou tirando durante o ano, mas falhei com esse objetivo. Em 2020 vou tentar outra vez.

Estou super mas super feliz que dei bastante atenção às pessoas queridas. O ano de 2019 vai ficar marcado na minha história como um ano de amigos, foi incrível mesmo. E para a minha surpresa e alegria completa: fiz uma nova amiga. Na verdade nos conhecemos no finzinho de 2018, numa caminhada que eu citei no texto onde fiz um apanhado musical do ano. Naquele dia conversei com várias mulheres e conheci também uma holandesa muito querida, que durante 2019 se tornou uma amiga de verdade. Achei bacana conhecer uma estrangeira atípica: fez questão de aprender espanhol, apesar de viver cercada de estrangeiros que não falam espanhol e só conversar em holandês com seu marido. Já fizemos várias atividades juntas, estamos sempre nos contatando e nos encontrando quando possível. No meio de dezembro para marcar o primeiro aniversário da nossa amizade fomos visitar um museu de arte e depois um bar, onde ficamos horas jogando conversa fora. Estou tão mas tão feliz de ter uma amiga mulher tão bacana, sensível, simpática e amorosa. O tipo de pessoa que me faz querer ser uma pessoa melhor.

Ainda no assunto relacionamentos: em dezembro estive na Inglaterra para rever amigos e também para votar (quem sabe outro dia escrevo sobre essas questões políticas). O resultado da eleição foi decepcionante mas foi fenomenal estar de volta no meio de gente tão querida.

Ano passado me senti muito amada e isso me fez um bem enorme. Meu objetivo de manter contato com as pessoas queridas foi um sucesso absoluto e quero seguir firme e forte com esse objetivo em 2020. Mas quero ir além e ser mais social com as pessoas que encontro nos campings. Não pensando em fazer amizades: quero apenas aquela coisa simpática e leve de simplesmente jogar conversa fora com desconhecidos - adoro fazer isso mas por algum motivo acabei não fazendo tanto em 2019. Bora melhorar nesse aspecto! Em 2020 não quero perder tantas oportunidades para interagir com as pessoas na minha volta.

Durante 2019 consegui manter o trabalho em dia mas falhei no assunto finanças. As finanças pessoais estão em dia no sentido que vivemos sem dívidas. Meu objetivo aqui é saber onde vai o dinheiro, quanto precisamos para a nossa aposentadoria, ter uma ideia melhor sobre investimentos, coisas assim. Então tenho que dedicar tempo a isso tudo, porque não fiz progresso nesse sentido.

Meu último objetivo da lista era ter mantido a casa razoavelmente limpa e apresentável. Que alegria ter simplificado tanto: está super fácil e rápido manter o motorhome limpo e apresentável. Mas de vez em quando umas baguncinhas se instalam no meu lado da mesa, então tenho que ser vigilante. No quesito "lar" agora o grande desafio é manter as plantas vivas, já que jardinar em potes menores é um pouquinho mais complicado.

O grande objetivo para 2020 ainda é cuidar bem da minha vida - que é breve e passageira. Houve uma época que meus objetivos eram externos, como por exemplo me envolver com causas que eu julgava super importantes (direitos humanos, anistia internacional etc). Talvez esse tipo de objetivo seja considerado mais "nobre". Por outro lado já me perguntei se a energia que eu dediquei a assuntos que estavam totalmente fora do meu controle contribuíram negativamente para a minha saúde mental, tudo é possível. Só sei que olhando para trás (2015-2017) e vendo onde estou agora, sinto uma imensa sensação de alívio. Coisa boa fazer progresso, me sentir num lugar mais feliz, estar me movendo na direção certa. Diria que vale muito a pena tomar notas ao longo do caminho. Apesar de ter descuidado um pouco do meu blog eu escrevi vários textos no meu PC (admito que tive preguiça de visitar o blogger para publicar os que eram publicáveis). Notei também que desde que comecei a ler os blogs no feedly eu parei de deixar recadinhos. Então vamos ver se em 2020 eu lembro de deixar mais recados nos blogs que acompanho.

terça-feira, 31 de dezembro de 2019

2019 em músicas

Ao longo do ano fui mantendo um diário musical, aqui algumas das entradas mais significativas:

Janeiro: Só agora fui me ligar em George Ezra! Que está fazendo sucesso desde 2014, como pude não perceber? Escutei várias e gostei de muitas, acho que minha preferida é ♪ Budapest. Torrei a paciência do meu marido de tanto ouvir Budapest no carro.

Fevereiro: Meu marido gosta de um estilo de música que eu chamo de "música de gnomo". Eu escuto esse tipo de música e imagino um monte de gnomos marchando pela floresta, até chegar numa clareira onde fazem uma festa com música e dança ao redor de uma fogueira. De tanto ele escutar eu até já estou gostando de uma ou duas
♪ Mago de Oz, Hazme un sitio entre tu piel
♪ Celtas Cortos, Silencio

Março: O som da opressão no ar! Tive que ir pra Catalunha e entre mil bandeiras e cartazes nacionalistas uma música me chamou a atenção:  ♪ Caminem Lluny - Doctor Prats

Abril: graças ao Spotify cheguei no Bailão do Ruivão e cantei várias vezes ♪ Lindo Balão Azul com o Nando Reis e o meu marido, enquanto dirigia até o lugar onde pedalamos diversas vezes. Meu abril foi muito florido e divertido. Aproveitamos para cantar novamente ♪ O Carimbador Maluco. Na parte do "tem que ser selado carimbado avaliado" - cantamos também homologado, que aqui na Espanha tudo tem que ser homologado kkk.

Maio: No avião a caminho do Brasil vi alguns filmes novos, mas revi também um filme que para mim é divertido e super reconfortante: Little Miss Sunshine. É como beber chá enrolada numa coberta num dia de muito frio. E adoro a música que rola nos créditos: ♪ till the end of time. Fiquei ouvindo várias vezes, essa infelizmente não está disponível no spotify, mas tem no youtube. 

♫ Our hearts irrevocably combined
Star-crossed souls slow dancing
Retreating and advancing
Across the sky until the end of time ♫

Chegando em Poa arrastei meu pai para o show do Almir Sater. Sendo que meu pai adora Almir Sater mas não queria ir, por preguiça. Interessante só agora notar isso no meu pai; tive a quem puxar nessas questões de ter preguiça de fazer as coisas que eu sei que gosto. O Almir Sater cantou a preferida do meu pai ♪ Chalana entre várias que eu não conhecia. Gostei muito de uma música cuja letra dizia o seguinte:

♫ A vida vem lá de longe
É como se fosse um rio
Para rios pequenos, canoas
Grandes rios, navios
E lá bem no fim de tudo
Começo de outro lugar
Será como Deus quiser
Como o destino mandar...♫

E fiquei muito feliz que ele cantou uma música que eu lembrava de ter ouvido várias vezes no rádio, nos anos 80, na voz de Tetê Espíndola:

♫ É pra Corumbá, é lá que eu vou pegar um barco
E descer o rio paraguai, cantando as canções que não se ouvem mais ♫

Bah, quanto tempo! Adoro mesmo essa música, finalmente descobri seu nome: ♪ Cunhataiporã.

Ainda em maio: fiquei muito mas muito feliz que consegui manter minha rotina de exercícios enquanto estava em Porto Alegre. Eu sempre chego na cidade cheia de planos, mas questoes familiares me desanimam de uma tal forma que entro num momento deprê em que não faço nada. E dessa vez foi diferente: não me deixei abater, fiz tudo o que queria e até mais. E uma das coisas que eu queria era continuar meu programa de exercícios (para fechar minhas 470h enquanto tenho 47 anos). Em dias que não pude caminhar/pedalar eu aproveitei para dançar, correr e pular ao redor da mesa da cozinha, ouvindo músicas aleatórias no Spotify. 

Junho: fiz uma viagem no tempo, de volta para 2002. Fiquei sabendo da morte do ex-vocalista da banda Angra e fiquei com pena - ele só tinha 47 anos, a mesma idade que eu tenho hoje. Em 2002 o meu irmão (bem mais jovem que eu) morou um tempo conosco e naquela época ele gostava desse tipo de música. Então foi um ano em que fui exposta a músicas que normalmente não ouviria. E ouvi novamente ♪ Carry On:

♫ Follow your steps and you will find
The unknown ways are on your mind
Need nothing else than just your pride to get there
So carry on, there's a meaning to life which someday we may find
Carry on, it's time to forget the remains from the past ♫

Aproveitei e escutei uma outra música daquele tempo: ♪ Rubina's blue sky happiness de Joe Satriani. Apesar de ser de 1992, eu só fui escutar em 2002 com meu irmão, que passou por uma fase de escutar muito Satriani e outros guitarristas cujos nomes não lembro agora. Rubina's blue sky happiness é a música que mais associo com aquela época boa da minha vida.

Ainda junho: escutei uma música no rádio do banheiro do camping, que inicialmente me pareceu ser cantada por uma mulher. Fiz uma nota mental e conferi depois, fiquei sabendo então que a música é de JS Ondara, um cantor natural da Nigéria. Gostei de várias das suas músicas, acho que minha preferida é ♪ Lebanon, apesar da letra não fazer muito sentido:

♫ Oh, Lebanon, life is brief
Don't sit alone in your constant fear
Open up, I shan't be like Canada ♫

Julho: escutei tanta música nova! Fui num festival de música e escutei Le Naf, Shipswool e outros... Num outro dia escutei um cantor senegalês que eu não conhecia chamado Ali Boulo Santo e o melhor de tudo foi uma apresentaçao de músicas muito doidas de acordeão com uma linda paisagem de fundo.

Agosto: uma coisa que eu gosto de fazer no spotify é escutar versões de músicas que eu já conheço por outros intérpretes, e procurando uma outra versao de ♪Admirável Gado Novo cheguei num cantor chamado Canindé. Resolvi escutar o disco todo e nossa, que choque foi ouvir uma música lá da minha infância, que eu nem me lembrava mais. Mas quando chegou no refrão logo lembrei de tudo, quantas vezes escutei isso no rádio nos anos 70?

♫ Eu queria nessa vida simplesmente
Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher
Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal e uma janela para ver o sol nascer ♫

♪ Casinha branca de Gilson, recomendo a versão de Canindé.

Setembro: gosto muito de escutar um podcast chamado "viajando despacio", sobre viagens em bicicleta. Muitas das músicas seguem o tema das bicis também, e uma que escutei no podcast e gostei muito foi de um português chamado João Afonso:

♫ Carteiro em bicicleta, leva recados de amor..♫

Comemorando 30 anos que conheço meu marido, lembrei de algumas músicas do tempo em que nos conhecemos, entre as quais ♪Waiting for a star to fall, de Boy Meets Girl, mas nada que tenha lá muita vontade de escutar de novo kkk. Aliás os poucos músicos da juventude que eu ainda escuto de vez em quando são Nei Lisboa e Tracy Chapman, e cada vez menos. Aliás uma pequena vitória que eu tive nesse sentido foi NÃO assistir o show do Nei Lisboa enquanto eu estava em Porto Alegre em maio. Acho que é a primeira vez que perco um show do Nei para fazer alguma outra coisa. Preferi sair pra jantar e conversar com minha irmã e meu cunhado, muito mais divertido do que ficar ouvindo ♪telhados de paris ou ♪revolução pela enésima vez. Eu simplesmente adoro Spotify e a possibilidade de estar sempre escutando coisas novas. Se é pra se agarrar no passado, vou me agarrar num passado super remoto e no meu programa de rádio preferido: "música antigua", com Sérgio Pagan.

Outubro: outra música que escutei no podcast viajando despacio, pra variar uma que não está relacionada com bicicletas. Mas tem tudo a ver com momentos difíceis:

Vivir - estopa y rozalen

♫ ¿Sabes? hace tiempo que no hablamos
Tengo tanto que contarte, ha pasado algo importante
Puse el contador a cero
¿Sabes? Fue como una ola gigante
Arrasó con todo y me dejó desnuda frente al mar
Pero ¿sabes? Sé bien que es vivir
No hay tiempo para odiar a nadie
Ahora sé reír... ♫

Novembro: Vivi um momento divertido com uma música do George Ezra. Estava visitando um amigo e seus filhos (de 6 anos) e perguntei para os meninos quais músicas eles gostavam. Um responde "não sei bem a letra, mas é mais ou menos assim..." e começa a cantar uma parte de ♪ Shotgun, de George Ezra! Haha, que divertido, cantou justo uma música que eu conheço. Então fiquei cantando

♫ I'll be riding shotgun underneath the hot sun feeling like someone ♫ com o amiguinho e me sentindo como alguém que não é assim tão distraída :)

Mas a música que martelou na minha cabeça durante o mês de novembro foi ♪ Cidade, de Mafalda Veiga:

♫ A ponte despida e solitária agarra-se à terra e ao tempo
Entre golpes de raiva e ternura
os meus sonhos e os meus fracassos
Está escuro na inquietação do vento
Nas luzes esquecidas do rio
E tentam roubar-nos os dias, tentam calar-nos as forças
Mas algo em mim sobrevive, desesperadamente
Quero que por fim nos traga o sol
Andando pelo rio, perdidos na claridade
Hoje só quero deixar viver esse momento
Hoje só quero caminhar pela cidade ♫

Dezembro: Pra terminar o ano, nem tudo está perdido:

La respuesta no es la huida - Maldita Nerea

♫ Dímelo de verdad, la respuesta no es la huida
O que tu alma cansada, se quede ahí, rendida
No encontrando el camino, enunciando un destino
Que vive en ti, que vive en ti
En ti ahora y siempre!
Y aunque ahora el mundo gire en otra dirección
Eres tu quién le da sentido
A lo que dice tu dormido corazón, no todo está perdido ♫

Amém.

Estava escrevendo esta longa mensagem (uns dias atrás) quando chegou um email do Spotify, me dizendo que Maldita Nerea foi o artista que eu mais escutei nos últimos anos. Não fiquei surpresa, adoro essa banda espanhola!

Segundo o Spotify, as descobertas de 2019 para mim foram: George Ezra, JS Ondara, Canindé e Almir Sater. E o estilo musical que eu mais escutei em 2019? MPB. Sim, nossa boa e velha música popular brasileira continua sendo meu estilo musical preferido, adoro adoro adoro! Faltou anotar aí pelo meio, mas em agosto eu fiz uma playlist com música brasileira para um amigo que pensava que música brasileira se resumia a samba e bossa nova.

E segundo o Spotify, durante 2019 eu escutei 8701 minutos de podcasts. O que dá em torno de 23 minutos por dia. Mas não é o número total, porque meu podcast preferido (música antigua) nem está no spotify, kkk. E segue o baile. O que será que 2020 vai me trazer, musicalmente falando?

terça-feira, 19 de novembro de 2019

resiliência, que bom te ver por aqui


Este verão foi um dos melhores dos últimos anos... Desde 2014 eu não tinha um verão assim, tão leve e tão divertido. Vários fatores contribuíram: estar viajando e fazendo o que eu tanto gosto, a companhia de pessoas queridas em alguns momentos, estar num período de excelente saúde física e poder aproveitar tanto, ver meu marido animado com seus projetos... E a satisfação de conseguir manter o trabalho em dia, não só o trabalho mas conseguir manter minha rotina de objetivos no meio de tantas coisas diferentes e divertidas acontecendo. 

Eu estava feliz de verdade com tudo. Feliz feliz como fazia tempo que eu não me sentia! Até que no começo de outubro sofri um golpe da vida, foi uma experiência bem negativa e pra falar a verdade prefiro não entrar em detalhes. Mas quero registrar o momento aqui no blog porque se por um lado fiquei super triste com o acontecido, fiquei muito feliz comigo mesma, por dois motivos: 

  1. Minha reação: sincera, serena e gentil (comigo também, ou talvez devesse dizer: gentil com todos os envolvidos mas principalmente gentil comigo mesma).
  2. Passei alguns dias pensando no grande impacto de uma mudança radical de circunstâncias. Considerando como eu sou uma pessoa avessa a mudanças (estou sempre escrevendo sobre o assunto aqui no blog), talvez o esperado fosse eu ter dramatizado a situação e me agoniado com isso? Não foi nada disso que aconteceu. Pensei em aspectos práticos, na importância de seguir com meus projetos e não deixar esse percalço me abalar, e coisas assim. 

Foi interessante (e não vou mentir: para mim foi surpreendente) finalmente pensar em mudanças de uma nova maneira: "vou conseguir superar isso, não será nenhum fim do mundo". Sinto que estou no caminho certo, me transformando na pessoa que eu gostaria de ser: mais serena e mais resiliente.  

Lembro que ano passado eu estava sentindo falta de resiliência. Perguntei para o google sobre isso e recebi várias sugestões que anotei aqui no blog. E terminei aquele texto questionando em que momento eu poderia dizer "estou mais resiliente agora". Pois é, quem diria: estou me sentindo mais forte, com a mente no lugar para lidar melhor com as dificuldades.  

Acredito o que mais me ajudou ou tem me ajudado nessa questão nem foi seguir as sugestões do google e sim abraçar o estoicismo. O estoicismo é uma filosofia que surgiu na Grécia e depois viajou para Roma. Um dos grandes textos do estoicismo é um livro de meditações de um imperador romano, Marco Aurélio. Esse ano li e reli alguns livros relacionados com o tema e diariamente tenho pensado no assunto. E me dei conta que o podcast que eu mais escutei no ano passado (happiness podcast) é de um psicólogo (Robert Puff) que segue uma linha estoica, sem admitir isso abertamente. Então várias das ideias do estoicismo já tinham sido marteladas na minha cabeça de tanto escutar aquele podcast, que é bem repetitivo mesmo. Se alguém quer se transformar numa pessoa mais resiliente, acredito que o melhor a fazer é ler e interiorizar a mensagem dos sábios estoicos: Epiteto, Marco Aurélio, Sêneca.  

Uma das práticas do estoicismo (que eu já tinha aprendido no podcast) é a visualização negativa. Consiste em tentar imaginar sua vida sem as coisas que você disfruta hoje. Então as vezes quando vou beijar meu marido eu penso "estou beijando um mortal". Quando saio por aí correndo/caminhando/andando de bicicleta, as vezes penso que talvez algum dia perca o uso das minhas pernas, por acidente ou doença. E assim por diante. Pode parecer uma ideia deprimente, mas tenho certeza que a prática de visualização negativa está me trazendo benefícios. Talvez eu disfrute da companhia do meu marido ou do uso das minhas pernas até o fim dos meus dias, talvez não. Além de ajudar nessa questão de aceitar a impermanência, a prática da visualização negativa tem me ajudado a desfrutar bastante do que tenho hoje. Sinto que estou finalmente incorporando na minha vida a sabedoria do avô do meu marido: "vamos aproveitar hoje, que amanhã a gente não sabe".  

Uma outra ideia interessate do estoicismo é a "dicotomia do controle". Uma ideia que todos já conhecemos: a importância de aprender a diferenciar o que está sob o nosso controle do que não está, e só nos ocupar com aquilo que está sob o nosso controle. Eu estava me sentindo feliz de novo quando no começo de novembro recebi uma outra notícia difícil de engolir, envolvendo a saúde de uma pessoa super próxima e extremamente querida. A saúde deste ser querido está sob o meu controle? Infelizmente não. Não ganho nada me preocupando com isso. Tenho direcionado minhas energias a ser a melhor amiga que eu consigo ser para a pessoa querida nesse momento difícil. Custei muito mesmo para aprender que "o estado de preocupação não é meritório". Ficar se agoniando não acrescenta, pelo contrário, só diminui da nossa experiência.  

Talvez a vida seja isso mesmo, uma constante montanha russa com seus altos e baixos. Mas por mais resiliente que eu esteja me sentindo agora estou torcendo para que a vida dê uma trégua...  e pare de jogar coisas sérias na minha direção, kkk.  

domingo, 1 de setembro de 2019

o jardim é pequeno mas a alegria é enorme


Ao adotar essa vida viajante tive que deixar minhas plantas para trás, deu até pena. Eu estava muito feliz com todas as plantas que tinha pela casa. Principalmente com as plantas na cozinha, no pátio e na sacada: consegui criar ambientes aconchegantes e sei que o mérito era das plantas.  

Vida que segue! Perdi aqueles ambientes mas ganhei outras coisas que tem muito valor para mim: sossego, canto de passarinho e ultimamente... barulho de grilo durante a noite! ALEGRIA! Era o que eu mais queria: dormir com as janelas abertas e escutar os grilos. Tenho ido para a cama tão feliz. Aliás todos os dias eu penso "que sorte poder viver assim", realmente estou muito feliz com tudo. 

Mas de qualquer forma arrisquei trazer plantas para o motorhome. Antes de sair de casa fiz mudinhas de algumas que eu já tinha:
 

  1. flor de maio 
  2. corações emaranhados (ceropegia woodii)
  3. rabo de burro (sedum morganianum)
  4. jiboia
  5. lambari (tradescantia zebrina)
  6. jiboia prateada (scindapsus pictus)

Apenas um planta veio tal e qual: tillandsia, que não precisa de terra, vive de ar/água. Essa foi pendurada no teto, baixei para tirar a foto: 
 
 

Acabei comprando outras plantas, assim que meu marido se acostumou com a ideia - inicialmente ele andava muito preocupado com excesso de peso, mas depois desencanou. Plantas que comprei pelo caminho:

Corações emaranhados bem grande: adoro esta planta e acabei comprando uma bem estabelecida. Coloquei por cima do armário da cozinha. Do lado coloquei uma avenca, mas infelizmente a avenca eu não consegui manter viva.

No passado já tive fitônias em tamanho normal, recentemente encontrei essas minis. Foram parar atrás de um dos bancos do motorhome:
 
 

O plano do verão era ficar bastante tempo no mesmo camping, então ao chegar comprei uns cravos de defunto (tagetes) para colocar do lado de fora e dar uma alegrada na nossa porta. Comprei também uma muda de margarida do mar (asteriscos maritimus), mas não tive sorte, foi atacada por cochinilhas. Achei melhor jogá-la fora do que espalhar as cochinilhas para todas as plantas:
 
 

Outro dia visitando uma exposição de plantas encontrei  corações emaranhados de uma cor diferente. Coisa mais fofa, que até então eu só tinha visto na internet! E num potinho minúsculo, que sorte! Foi parar no meio das fitônias:


Coisa boa ter plantas! Várias vezes por semana eu olho com atenção para todas e como são bem poucas dá pra notar pequenas diferenças, como folhas novas que vem surgindo. Tanto o lambari como os corações emaranhados já cresceram tanto que podei e fiz novas mudinhas em água:
 

Depois que criaram raízes plantei as mudinhas de volta no mesmo pote para deixar as plantas com um aspecto mais "cheinho". Outro dia a jiboia prateada colocou uma folha nova! E assim vou seguindo, prestando atenção nos pequenos detalhes e me sentindo muito feliz e sortuda de poder ter plantinhas. Não sabia se isso seria possível na estrada; não fazia ideia de como seria fácil.

Eu achei que tinha atingido a lotação máxima de plantas, mas outro dia reorganizei umas coisas no banheiro e liberei uma prateleira. Então agora tenho espaço para mais duas plantinhas. Ou se forem bem pequenas, talvez três ou quatro. E se encontrar outras tillandsias, então? O teto é o limite :)

sábado, 31 de agosto de 2019

impermanência, outra vez


Outro dia estava fazendo uma viagem mental, lembrando de todos as plantas que eu já tive nos vários lugares onde morei desde que saí da casa dos meus pais. E não conseguia me lembrar das plantas nos 2 primeiros apartamentos de aluguel, logo que casamos. Até que me lembrei: não tive nenhuma planta, naquela época eu tive um gato. Um gato adulto, sem um pedaço da orelha. O gato tinha um jeitinho tão feioso que quando eu cheguei em casa, voltando do centro de adoção, meu marido ficou admirado: mas porque tu pegou um gato tão horrível? Pois é, quem vê pelagem não vê coração. Ainda lembro daquela experiência maravilhosa na casa de adoção: ele foi o primeiro gato que eu peguei no colo e para a minha surpresa imediatamente ficou todo relaxado e tranquilo nos meus braços. Me apaixonei na mesma hora! Decidi adotá-lo, sem olhar para nenhum outro. Poucas semanas depois ele estava com outro aspecto, muito saudável - talvez faltasse comida no lugar onde estava. Era um gato muito fofinho mesmo, estava sempre me seguindo pelo apartamento, inclusive quando eu ia no banheiro ele entrava junto e ficava ali me acompanhando, kkk. Ou se eu fechava a porta antes do gato entrar ele ficava paradinho, do outro lado da porta, esperando que eu saísse. Adorava pular no meu colo e dormia sempre na cama conosco. Quando eu fui morar na Inglaterra não consegui levar o gato junto, ele ficou com uma amiga. Senti tanto a falta daquele gato! Foi uma experiência difícil mesmo. Foi um baque emocional tão grande que resolvi não adotar nenhum outro gato (afinal não sabia quanto tempo ficaria por lá) e voltei minha atenção para as plantas. Então foi assim que desenvolvi um interesse por plantas: tentando preencher o grande vazio que aquele gatinho encantador tinha deixado na minha vida. Acabei me interessando não só por plantas, mas também por cultivo de horta, flores silvestres, identificação de árvores... faz anos que adoro mesmo tudo isso. 

Isso me fez pensar em outras mudanças: lembrei que em 2006 resolvi passar mais tempo em Poa, para curtir a companhia dos meus pais, irmãos e sobrinhos. Arrumei uma bicicleta para pedalar enquanto estivesse lá. Nos anos 80/90 eu pedalei muito pela cidade, inclusive usava a bici como meio de transporte. Acontece que a situação de trânsito tinha mudado muito nesses anos todos. Por questão de poucos centímetros não perdi minha vida, na segunda vez que aconteceu desisti total de andar de bicicleta por lá. Resolvi abraçar um outro esporte enquanto estivesse no BR. Escolhi remo, esporte que poderia praticar tanto no Guaíba como no rio da minha cidade inglesa. Mas achei melhor aprender primeiro a nadar. E uma coisa incrível aconteceu: me apaixonei total por natação e me dei conta que nadar por si só era suficiente, não precisava remar para ser feliz. Difícil explicar a alegria que natação trouxe para a minha vida, principalmente para os invernos frios e chuvosos do hemisfério norte. E pensar que só aprendi a nadar porque senti que não tinha mais como pedalar em Poa.  

E a mudança mais recente: este ano me mudei para um motorhome porque estava realmente infeliz com a questão de "ruídos" no último endereço. Foi uma decisão difícil: relutei muito. E agora estou tão feliz - está sendo uma experiência fantástica.

Apesar de todas as mudanças que já passei (endereços/trabalhos/países) a verdade é que eu sou uma pessoa muito apegada à rotina e sinto uma imensa relutância em mudar. Já sofri muito com mudança. Diria até que já tive trauma com mudança, talvez por ter vivido uma infância instável de constante mudança. Mas pensando rapidamente lembrei desses 3 exemplos em que uma mudança de circunstâncias trouxe algo muito positivo para a minha vida: novo interesse, novo esporte, novo estilo de vida. Provavelmente eu tenha vários outros exemplos que não lembro agora. Outras mudanças virão pela frente, afinal a vida é impermanência mesmo. Tenho que lembrar que o novo sempre vem, e o novo pode ser divertido. Faz anos que eu sei disso, mas parece que ainda não interiorizei a mensagem. Um dia serei craque em mudanças.